Um Contreau, por favor!

Álcool!

Suave retorno de todas as lembranças que nunca foram apagadas!

Suave recomeço em uma noite quente e desanimada!

Suave retorno aos braços no nada.

Suave queda no vazio da escuridão...

Não, não é tristeza, muito menos melancolia, e amor. Acima de tudo é amor ao amor.

Felizes são aqueles que conseguem mesmo nos momentos mais desanimadores se manterem fieis ao amor e à vida.

O amor é a lei, acima de qualquer vontade ou regra; acima de qualquer convenção social; acima de nossas próprias vidas!

Como é bom, apenas curtir um pouco do mundo girando, em parte pelo álcool, em parte pela beleza da vida. Em parte porque todas as pessoas felizes são parecidas entre si e monótonas, mas apenas no drama e na inquietude pode repousar a verdadeira beleza e o verdadeiro prazer.

Um ode a todas as paixões não vividas, a todos os amores imperfeitos, a todas as idealizações ilusórias.

Um louvor a todo sentimento desesperado, a todos os amores sem esperanças, a toda forma de viver e de ser vivido.

Que rufem os tambores, que aquiete-se o público, que abram-se as cortinas!

Pois na próxima esquina se está encenando o novo Romeu! Pois no próximo ônibus embarca o novo Fausto! Descendo na próxima estação encontramos a novíssima Helena!

Porque a tudo e a todos segue-se a tragédia, e porque a beleza não pode simplesmente causar espanto. Porque a beleza deve ser a raiz de toda a nova verdade.

Porque não é na felicidade que encontraremos o bom e o belo, mas apenas na falta dela teremos real noção do mundo e notório entendimento da natureza das coisas.


Postado ao som de "Valsinha" - Vinícius de Moraes.


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