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Mostrando postagens de maio, 2007

Sonêto

Se te procuro, fujo de avistar-te, E se te quero, evito mais querer-te, Desejo quase, quase aborrecerte E se te fujo estás em toda parte. Distante, corro logo a procurar-te, E perco a voz e fico mudo ao ver-te; Se me lembro de ti, tento esquecer-te E se te esqueço, cuido mais amar-te. O pensamento assim partido ao meio E o coração assim também partido, Chamo-te e fujo, quero-te e receio! Morto por ti, eu vivo dividido, Entre o teu e o meu ser sinto-me alheio E sem saber de mim vivo perdido. José Bonifácio de Andrada e Silva. Óh, dúvidas e mais dúvidas! Neste mundo tão frio e descolorido, ainda o que resta de vivo e caloroso são nossos amores e paixões, mas mesmo estes às vezes parecem se perder num sutil e despercebido devaneio.