Sonêto
Se te procuro, fujo de avistar-te,
E se te quero, evito mais querer-te,
Desejo quase, quase aborrecerte
E se te fujo estás em toda parte.
Distante, corro logo a procurar-te,
E perco a voz e fico mudo ao ver-te;
Se me lembro de ti, tento esquecer-te
E se te esqueço, cuido mais amar-te.
O pensamento assim partido ao meio
E o coração assim também partido,
Chamo-te e fujo, quero-te e receio!
Morto por ti, eu vivo dividido,
Entre o teu e o meu ser sinto-me alheio
E sem saber de mim vivo perdido.
José Bonifácio de Andrada e Silva.
Óh, dúvidas e mais dúvidas! Neste mundo tão frio e descolorido, ainda o que resta de vivo e caloroso são nossos amores e paixões, mas mesmo estes às vezes parecem se perder num sutil e despercebido devaneio.
E se te quero, evito mais querer-te,
Desejo quase, quase aborrecerte
E se te fujo estás em toda parte.
Distante, corro logo a procurar-te,
E perco a voz e fico mudo ao ver-te;
Se me lembro de ti, tento esquecer-te
E se te esqueço, cuido mais amar-te.
O pensamento assim partido ao meio
E o coração assim também partido,
Chamo-te e fujo, quero-te e receio!
Morto por ti, eu vivo dividido,
Entre o teu e o meu ser sinto-me alheio
E sem saber de mim vivo perdido.
José Bonifácio de Andrada e Silva.
Óh, dúvidas e mais dúvidas! Neste mundo tão frio e descolorido, ainda o que resta de vivo e caloroso são nossos amores e paixões, mas mesmo estes às vezes parecem se perder num sutil e despercebido devaneio.
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