Espetáculo inacabado.

As luzes se apagam.

A cortina se fecha.

O público está surpreso.

O espetáculo acabou?

Como assim?

O que houve com o último ato?

Passou rápido que só!

E agora estão todos se olhando, num olhar ao mesmo tempo estúpido e admirado.

Não sabem se devem bater palmas ou esperar os artistas retornarem...

Os artistas não sabem se voltam ou se esperam as palmas do público...

De repente alguém começa a cantarolar...

"O arlequim está chorando pelo amor da colombina, no meio da multidão"


Embevecida a platéia procura pelo cantor... quem sabe a peça agora não irá continuar!

Depois de alguns instantes percebem uma jovem sentada perto da última fila. Com um algodão e água, ela retira tua maquiagem, enquanto algumas lágrimas se misturam ao suor.

A jovem percebe que todos a estão olhando, mas não se importa.

Apenas termina de remover seus disfarces e máscaras, levanta-se com uma serenidade de fazer inveja ao mais prateado luar e ruma em direção ao palco.

Suspense. O público prende a respiração aguardando pelo desenrolar da cena, não é mais uma peça como as outras.

A jovem caminha com um misto de altivez e depressão.

Chegando aos pés do palco agilmente sobe no tablado.

Sem olhar pra trás atravessa a cortina.

E faz-se o silêncio.

As pessoas se entreolham com espanto.

Aguardam em vão por uma resposta.

Em vão.



Postado ao som de "Gypsy Road" - Bruce Dickinson

PS: Valeu pela dica incidental da música, Daniela, adorei.

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