Sobre encontrar um lugar para fazer morada

Bem, voltei. Tenho refletido sobre muitas coisas e colocado no papel, mas confesso que tem sido difícil publicar.

Hoje quem me fez pensar foi a nova moradora que descobri no meu quintal.

Uma das coisas sobre as quais mais tenho pensado ultimamente é sobre os nossos afetos. Sobre a natureza do que nos faz nos aproximarmos ou nos afastarmos das pessoas, em especial sobre o nosso ímpeto constante de afetarmos e sermos afetados. O medo que muitas vezes temos de nos permitirmos sermos afetados e a irresponsabilidade com a qual muitas vezes afetamos.

Mas isso é conversa para outro dia. Por hoje eu gostaria de vocês pensassem um pouco mais sobre o afeto que direcionamos às coisas, momentos e lugares.

Quando eu era menos velho e tinha pensamentos mais inocentes uma das coisas com as quais sonhava na vida era ter o meu cantinho. Ter um lugar para chamar de meu e deixar com a minha cara. Para poder descansar, preparar minha comida tomando um vinho, receber meus amigos e amigas. O básico sonho de ter um lar.

A vida avançou e eu passei a imaginar que esse lar poderia ser uma pessoa. Com o coração leve e apaixonado percebi que o lar é mais do que uma casa própria mas sim o teto que compartilhamos com alguém especial. Cheguei neste ponto a pensar que eu tinha vencido a tolice da juventude.

Mas como se diz "Veio o tempo negro e a força fez comigo o mal que a força sempre faz."

Pude, então, mesmo apesar de tudo avançar um pouco mais na compreensão de o que significa ter um lar. Não é questão de ter uma casa ou dividi-la com alguém (ou alguéns), mas sim de ter a oportunidade de dividi-la consigo mesmo.

Pode parecer lugar comum, mas conseguir encontrar em si algum sentido para continuar é algo muito forte e potente. Faz com que a gente se sinta pesado pois muitas vezes não consegue. Mas quando consegue... Ah... Nos raros momentos em que a gente olha para as paredes ao redor e não se sente sozinho... Isso sim é lar. Isto é encontrar nosso canto no mundo para fazer morada.

Percebam que este local de pertencimento não está em um conjunto de tijolos e cimento. Ele estará sempre composto por momentos especiais, um lugar que te permita repousar em paz e as coisas ao seu redor que, juntas, contam a história da sua vida.

Pois no final das coisas é isto, não é mesmo? Já foi dito que o futuro não pode ser previsto, apenas descoberto. Eu diria que o futuro é uma história esperando para ser contada.

E por fim gosto de pensar que "não sou feliz, mas não sou mudo. Hoje eu canto muito mais."

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Vinte anos é muito [pouco] tempo...

Excertos de um quem flertou com o fim.

Elevar-se...